quarta-feira, 18 de maio de 2011

Amar..

Que pode uma criatura senão,
senão entre criaturas, amar ?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar , desamar, amar ?
sempre, e até de olhos vidrados, amar ?
Que pode, pergunto, o ser amoroso
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar ?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, 
e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, 
e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, 
e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

  1. Querida, nada melhor que essa fase Camões Lírica para esquentar o coração neste outono/inverno!
    E viva o Amor!!!
    Beijos querida, carinho nos peludinhos do lar, Toca dos Gatos.

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  2. É lindo amor,eu te amo cada dia mais,ja nao sei mais viver sem voce,voce e a mulher da minha vida,e so voce me faz feliz.
    nao me vejo sem voce.
    voce é o ar que eu respiro
    Te amo hoje,amanha e sempre.

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